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Vendido por US$ 2,5 mi, modelo da Toyota é carro japonês mais valioso de leilões

Um carro da Toyota foi vendido em um leilão de carros de colecionadores na Flórida, Estados Unidos, na sexta-feira (4), por US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 12,6 milhões). Como você pode imaginar, esse não foi um Rav4 Hybrid, o SUV de sucesso da marca. Sim, os preços dos carros subiram muito, mas não tanto.

O modelo deste Toyota em particular era, genuinamente, o mais raro entre os raros. Era um Toyota 2000GT, um carro produzido de 1967 a 1971. Apenas 351 foram fabricados. E este é mais do que apenas um Toyota. Tem um outro nome anexado a ele, tornando-o um Toyota-Shelby 1967 2000GT. Observadores atentos da história do automóvel podem lembrar o nome “Shelby” como o do mundialmente famoso piloto de corridas e fabricante Carroll Shelby.

O Toyota-Shelby 2000GT foi construído em 1966 e é, tecnicamente, um modelo de pré-produção. Tinha o número de chassis MF10-10001, o que significa que foi o primeiro 2000GT a obter até um número de série.

Originalmente, ele foi pintado de vermelho e usado como um carro de demonstração nos Estados Unidos, permitindo que a Toyota mostrasse o produto a clientes americanos. Após algum tempo, junto a dois outros 2000 GTs, ele foi dado ao piloto Shelby para que pudesse transformá-los em carros de corrida. O plano era dar ao 2000GT algum pedigree real de pista para finalidades do marketing.

É por isso que, enquanto outros Toyota 2000GTs podem valer mais de R$ 1 milhão (ou cerca de R$ 5 milhões), tornando-os alguns dos carros japoneses mais valiosos do mundo, esse em especial valeu três vezes mais. O preço faz deste veículo o carro japonês o mais valioso já vendido em leilão. O evento aconteceu no leilão de carro de colecionadores da Gooding & Co. Amelia Island. O preço de venda final inclui uma taxa de aproximadamente 10% paga à empresa de leilões. O nome do comprador não foi revelado.

Uma das razões que o 2000GT não ter sido tão popular na década de 1960 como a Toyota esperava — a empresa tinha planejado para fazer até mil unidades por ano, de acordo com Gooding — era que ele não era tão rápido quanto seus concorrentes europeus, disse John Wiley, um analista do valor do carro de colecionadores da Hagerty Automotive Intelligence. Ainda assim, ele foi o primeiro verdadeiro carro esportivo japonês de “classe mundial”.

O problema real era simplesmente o custo, embora, de acordo com Gooding,  a Toyota estivesse perdendo muito dinheiro em cada automóvel para a produção continuar.

A Toyota não quis comentar sobre as razões da decisão, tomada há muito tempo, de parar de fazer o carro. Ben Hsu, autor de um livro sobre automóveis de alto desempenho japoneses clássicos, citou o custo de fabricação e a falta da demanda. A Toyota tinha ido mais longe, no preço e no prestígio, do que clientes estavam dispostos a ir.

“Quando você chegar a esse nível, as pessoas estão comprando o status, e o emblema importa”, opinou.

O interior do 2000GT tinha acabamento com a mesma madeira utilizada para grandes pianos Yamaha, de acordo com o livro de Hsu. Com a sua jante de madeira e três raios finos, o volante do 2000GT parecia pertencer a um caríssimo carro esportivo italiano ou britânico. O fato é que um Toyota 2000GT apareceu de verdade num filme de James Bond, “Com 007 só se Vive Duas Vezes”. O carro do filme de 1967 foi uma versão “conversível” sem qualquer estilo, porque Sean Connery, o Bond da época, era muito alto para se adaptar ao veículo. O 2000GT nunca foi produzido como conversível. A ligação com James Bond também adicionou ao valor colecionável do carro, disse Wiley.

O piloto e montador Shelby fez várias alterações para preparar o 2000GT para as corridas. Entre outras coisas, o painel de pau-rosa foi substituído por metal pintado e texturizado e foram adicionados amortecedores KONI ajustáveis, assim como uma barra de proteção para segurança. A potência de saída do motor foi aumentada para 210.

Ele também repintou o carro em branco e um azul brilhante. O modelo agora vendido foi usado como um modelo de desenvolvimento por Shelby e mantido como um suplente no caso de um dos outros dois não conseguirem correr. No final da temporada de corridas de 1968, os Toyotas de Shelby terminaram em quarto lugar na sua série de corridas, atrás de modelos da Porsche e Triumph, de acordo com Gooding.

Um dos outros Toyota-Shelby 2000GTs está no Toyota Automobile Museum no Japão, mas foi repintado e não parece mais com o original, de acordo com Gooding. O outro está em uma coleção particular do carro em algum lugar nos Estados Unidos.

O único outro carro japonês com valores perto do Toyota 2000GT é o muito mais novo Lexus LFA. Carro exótico produzido pela divisão de luxo da Toyota de 2010 a 2012, o LFA também tinha um motor produzido em colaboração com a Yamaha, neste caso um V10.

Apenas 500 foram feitos com preços a partir de US$ 375 mil (cerca de R$ 1,9 milhão). Assim como aconteceu com o 2000GT, a Toyota teve dificuldade de vendê-los todos durante a sua produção, como contou Hsu, mas os preços dispararam após a produção ser encerrada.

Um LFA especialmente raro da Nürburgring Edition, batizado de acordo com a famosa pista de corrida alemã, foi vendido em leilão em agosto último por US$ 1,6 milhão (cerca de R$ 8,1 milhões).

No final da década de 1960, a Toyota era conhecida como uma fornecedora de veículos baratos para quem quisesse um carro japonês. Querendo mudar essa imagem, a Toyota fez o seu designer Satoru Nozaki criar o 2000GT, um carro esportivo que parecia muito mais como uma Ferrari do que um Toyota Crown ou Corona, carros da marca já conhecidos à época.

Não foi o primeiro esportivo da Toyota. O belo Sports 800, com 44-cavalos, havia sido lançado dois anos antes. Mas o 2000GT estava em um nível totalmente diferente. Com um preço inicial superior a US$ 7 mil (cerca de R$ 35,4 mil), o equivalente a cerca de US$ 60 mil de hoje (ou cerca de R$ 303,7 mil), o custo de 2000 GT era superior ao custo de um Porsche 911 ou Jaguar XKE naquele tempo. E muito mais do que qualquer modelo de Toyota.

Com o dinheiro, os compradores recebiam desempenho real. O motor de seis cilindros do 2000GT, criado com a ajuda da Yamaha, poderia ter uma potência de até 150 cavalos e levar o automóvel de zero a 96 quilômetros por hora em 10 segundos. A aceleração poderia ser facilmente derrotada por um carro familiar moderno, como um SUV híbrido Toyota Highlander, mas a velocidade de 2000GT era respeitável, se não surpreendente, no seu tempo.

Fonte: CNN Brasil

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